Coletânea de Artes – Agosto 2025

Kremlin
Vinícius Franção

Ando por entre caminhos sem fins
Começam no fim do mundo e se trilham em meio ao fogo
Parece que o caminho é eterno, e o jeito é desistir
E desistir é o que termina o nosso jogo

As fortalezas que crescem em meio às confusões
Levantam espinhos que perfuram nosso inculto
Escrevo cadernos cheios de confissões
Para dizer que eu não pertenço a esse mundo

Olho outros lados para ver outras pontes
E ver se chego em novos horizontes
Entrando por portas para chegar ao Infinito
Queimando as fortalezas de todos os inimigos

Sou o passado do futuro e o futuro do presente
Sou o mundo te esperando do outro lado da corrente
Ao chegar, feche as janelas e tranque as portas
Pois quando o vento entra, ele leva tudo embora


Saudade
Covões

Sentimento, uma emoção,
A última a se sentir,
Única que todos sentem sem ser,
Dentro de si.
Atividade, ou não, do amor,
Doa sem sofrer dor
Enfim, ao fim do enredo.

Saudade.


Degradê
ruhtrA

Eu caminho em curvas
Perco meu respeito em estruturas
Resplandeço em novas torturas
Mas eu amo minhas fissuras
E me envolvo em todas as rasuras

Já não pertenço ao tempo
Pois todo momento é extenso
E não me ensinaram a contar direito
Realmente eu nunca aprendo
Mas sempre entendo

Sei que não sou atento
E muito pouco aos detalhes me prendo
Não sei ler diante de todo o talento
E desconheço o que não é intenso
Eu vivo sobre o relento
E me desmistifico através do vento

Você me disse que teria verdade
Mas eu não sou uma realidade
Eu sou todas as idades
E não reflito suas qualidades
Um pouco da sua vaidade
Já vai até que tarde

E nos contatos infantis eu me faço
E tão logo vejo o seu olhar escasso
Por pouco deixo passar seu compasso
Nunca me imaginei no mesmo espaço
De alguém que justifica até o próprio calço

E em jogos escondo alguns trajetos
Você bem conhece meus objetos
Eu sou um conjunto de expressos
De um mundo que eu mesmo regresso
Queria aprender mais sobre o ingresso
Para novas paraísos onde me torno complexo
Mas isso são só palavras bonitas para o desconexo
E todos sabemos que o interno é imerso

Nas águas profundas dos medos eu me engesso
E de lá só sairei se me arrancarem do avesso
Existe mesmo uma receita para o sucesso?

Em estatuetas eu me compreendo
E agora quase sei quem sou
Meu corpo não é mais minha alma
E eu já não escondo meus riscos
Com efeito, eu só cismo
Perco tudo se precisar
Deixo as medalhas e o dinheiro
Para cortejar meus bueiros
E se um dia nu apareço
Então que seja por inteiro
Não gosto de cortar sentimentos ao meio
Veja meu ser por completo
Ou me deixe vagando quieto

Não preciso mais deixar a água passar
Pela minha cabeça ela vai me afogar
Todas as memórias preciso largar
E aos poucos voltar a flutuar
Existe um mundo além de desejar
E não há hora para decifrar

Eu amo o ato de estar
Eu odeio o ato de parar
Mas quando meu cerne congelar
Em pedaços vou ficar
E nas palavras quero me condensar
Parece pouco para almejar
Mas no final e no altar
Não existe força para contra-atacar
Eu quero mais do que o mundo pode me dar
E se para isso eu tiver que me quebrar
Então deixe cada pequena parte de mim estilhaçar

E em tons transparentes meu coração ficará.


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