O Centro Acadêmico Osvaldo Cruz, que representa os alunos do curso de Medicina da USP em SP, decretou em Assembleia na última quinta-feira (7) estado de greve por tempo indeterminado. 

Essa decisão foi tomada após o recebimento, pelo CAOC, de uma notificação extra-judicial, enviada pela diretoria da Faculdade, determinando um prazo máximo de 60 dias para que o restaurante AZE, que atualmente fica localizado no subsolo da FMUSP (conhecido como o “Porão”), seja fechado e o espaço que ele ocupa, liberado.

Essa medida vem depois de reuniões com a diretoria, em que houve algações de que uma vistoria feita no restaurante teria identificado violações do código sanitário, e estimando o custo de uma eventual reforma para adequação em até 1,5 milhão de reais. Entretanto, o laudo não foi divulgado, de forma que essas informações não puderam ser confirmadas. Ainda assim, a notificação ameaça o Centro Acadêmico de cancelamento do termo de permissão de uso do espaço onde se localiza o Porão, caso o restaurante não seja fechado. O alunos e demais frequentadores da FMUSP ficariam com suas opções para alimentação reduzidas, em consequência dessa atitude. A diretoria também pretende cancelar o subsídio alimentar, através do qual o Restaurante AZE oferece atualmente opções para alunos da faculdade a preços compatíveis com os dos restaurantes universitários (“bandejões”), ameaçando ainda mais a segurança alimentar dos alunos.

Além disso, há outros pontos críticos com relação à atuação da diretoria da Faculdade de Medicina, incluindo o oferecimento de uma “Experiência HC”, em que alunos de outras faculdades são aceitos para executar a fase de internato de seus cursos no Hospital das Clínicas, mediante pagamento de uma mensalidade de mais de 8 mil reais. Há, também, a questão das provas de residência, que selecionam médicos recém-formados para residências nas diversas áreas de especialização da medicina, avaliarem mal os candidatos, dando peso desproporcionalmente maior ao desempenho em uma prova objetiva e desprezando outros itens como habilidade prática, treinamento em direitos humanos, humanização do atendimento, prática cirúrgica, experiência em UTI, etc.

Houve reunião do CAOC com a diretoria da Faculdade nesta segunda-feira, mas até o momento da escrita deste texto o resultado ainda não havia sido divulgado.

Os alunos do curso de Física Médica têm reunião marcada para amanhã (12/03) para decidir se aderem à greve na FMUSP.